Esta peça surge da participação na exposição colectiva "PACK", patente no Edifício da Reitoria da Universidade do Porto de 27 de Setembro a 1 de Dezembro de 2007. Nesta exposição paticiparam todos os alunos/artistas do Mestrado em Práticas Artísticas Contemporâneas, da Faculdade de Belas Artes da U.P.

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Monte de Cunhas, 2007. Acrílico sobre madeira, dimensões variáveis

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No contexto técnico da pintura, as cunhas são pequenos objectos de madeira, colocados na parte interior dos vértices da grade, com a função de esticar a tela depois de montada. Esta peças, apesar de terem um papel importante na apresentação final da pintura, permanecem sempre escondidas atrás da tela sem darem qualquer sinal de existência.
Na gíria portuguesa a palavra cunha é vulgarmente utilizada no contexto social para descrever mecanismos menos honestos na perseguição de um objectivo. Por exemplo: se um artista expõe num museu porque o director é seu amigo ou familiar, pode dizer-se que tem uma cunha, neste caso o director do museu. No fundo, a cunha não está muito longe de um favor de contornos pouco ortodoxos.
Tal como a cunha da pintura, esta segunda cunha tem um carácter auxiliar e também pretende ser omitida no resultado final. Ao expor apenas uma quantidade considerável de objectos que normalmente se escondem atrás da obra, a peça monte de cunhas procura obviamente o duplo sentido da cunha e a metáfora com o contexto artístico em que se insere. A opção de montagem, ao jeito de Félix Gonzalez Torres, pretende reforçar o carácter relacional e prolífero das cunhas que, tal como os rebuçados, circulam de mão em mão e usam-se (ou comem) num momento certo.